17 de abril: 24 anos do massacre de Eldorado dos Carajás
No dia 17 de abril de 1996, 21 trabalhadores rurais sem terra foram executados pela Polícia Militar do Pará, no que ficou conhecido mundialmente como Massacre de Eldorado dos Carajás.
Cerca de 1,5 mil pessoas estavam acampadas na curva do S, em Eldorado do Carajás, sudeste do Pará, em forma de protesto. O objetivo era marchar até a capital Belém e conseguir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias sem-terra, para reforma agrária.
Na data, os camponeses ocuparam a BR-155, rodovia que liga o sul do estado do Pará a Belém. Eles marchavam para a capital, reivindicando a desapropriação de um latifúndio improdutivo e a sua destinação para reforma agrária.
O então governador, Almir Gabriel (PSDB), enviou tropas da PM, comandadas pelo Coronel Mário Pantoja e pelo major José Maria Oliveira, para desobstruir a BR 155, com a ordem de “usar a força necessária, inclusive atirar”. A declaração foi dada dias depois do massacre pelo secretário de segurança pública do Pará a época, Paulo Sette Câmara.
Dezenove trabalhadores morreram no local e outros dois no hospital. Segundo os laudos médicos, 10 trabalhadores foram executados à queima roupa, alguns, alvejados com tiros na nuca e na cabeça. Sete trabalhadores foram mortos a golpes de facão e enxada.
Em 2012, Pantoja e Oliveira foram condenados pela justiça. O primeiro a 228 anos e o segundo, a 158 anos de reclusão. Atualmente, nenhum dos dois está em regime fechado. Embora houvesse a denúncia de envolvimento de fazendeiros na ação, nenhum proprietário de terras ou jagunço foi indiciado.
Após o massacre, o dia 17 de abril passou a marcar também o Dia Internacional de Luta Camponesa.
Conflitos no campo
Publicado nessa sexta (17), o Caderno de Conflitos do Campo de 2019, organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), aponta 2019 como o ano com o maior número de conflitos no campo, desde 2014. De acordo com a publicação, foram 1.833 conflitos no campo registrados no ano passado, um aumento de 23% em comparação com 2018.
No que toca os conflitos pela terra, foram registrados 1.254 casos ao longo do ano. Desses, 1.206 ocorrências envolveram algum tipo de violência e ameaças provocadas por grileiros e supostos proprietários. De acordo com a CPT, esse é o maior número de ocorrências do tipo registrado desde o ano de 1985.
O Caderno aponta ainda o crescimento no número de assassinatos, de tentativas de assassinato e de ameaças de morte contra quilombolas, indígenas e comunidades tradicionais em relação ao ano anterior. Somente no que diz respeito aos casos de ameaça de morte, houve um aumento de 21%, totalizando 201 ameaças às vidas de trabalhadores rurais em 2019.
Confira aqui o Relatório da CPT
* Com informações do MST
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